sábado, 29 de junho de 2013

Abraço-vos para abraçar o que me falta.



Sua solidão é linda, Clarice. Triste, mas linda. Sua solidão me serve de companhia, porque eu sinto que não estou sozinha. Sei que seus caos também são os meus e sei também que sua intensidade também é compreensão. Sei que mesmo que esteja cansada e ácida como água viva, sua legião estrangeira ainda segue aprendendo e buscando o prazer da felicidade clandestina. Eu sei que nem todo mundo entende, mas é melhor e mais bonito assim. 


Meu Rubem com sabor de melancia. Me traz um pedacinho do seu céu. Sereno como nuvens brancas flutuantes. Que me acolhe com ternura... não chora, não, que eu vou te abraçar.


Eu estava ouvindo os Tribalistas cantarem: "eu gosto de você, e gosto de ficar com você".
Ontem eu estava lendo de novo os seus Morangos Mofados antes de dormir. Daí  pensei no Lui, e me deu uma puta vontade de te ligar. Sabe, ouvir aquela música ao fundo "Desespero Agradável", dei risada. Seria bom se você me chamasse para tomar um café ou aquele chá porreta excelente para "all types of nervous disorders, paranoia, schizophrenia and drugs effects." Lui, você está aí? 
Mas não liguei, não te escrevi, mas você esteve aqui, sempre está. Sei da nossa telepatia, que é maravilhosamente linda, mas preocupante. Mas que se dane. 


Porque eu também sinto uma saudade às vezes fodida dele. Porque por mais que a gente nunca tenha se visto, a gente se conhece. A gente se liga pelas músicas, pela palavra escrita, pela letra daquele velho samba, pela falta de amor ou a busca dele. Porque a gente diz: "que seja eterno enquanto dure", mas lá no fundo a gente cruza os dedos e espera que seja pra sempre. 

Um comentário:

  1. Logo após ter visto e lido o seu pôster “Abraço-vos para abraçar o que me falta”, me veio na lembrança essas palavras de Rubens;
    “Há pessoas que nos fazem voar. A gente se encontra com elas e leva um bruta susto (…) elas nos surpreendem e nos descobrimos mais selvagens, mais bonitos, mais leves, com uma vontade incrível de subir até as alturas, saltando de penhascos… Outras, ao contrário, nos fazem pesados e graves. Pés fincados no chão, sem leveza, incapazes de passos de dança. Quanto mais a gente convive com elas mais pesados ficamos…” -Rubem Alves
    Esses grandes escritores citados por você, sempre nos surpreende nos fazem voar, com seus belos poemas, suas crônicas, musicas...
    Volto a te dizer mais uma vez, parabéns pelo seu belo gosto literário.

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