Guerra Fria

Às vezes acho que este distanciamento por um lado foi bom. Sempre nos vi dependentes demais uma da outra, sempre tendo a certeza de que estaríamos ali firmes e fortes mesmo diante da pior tempestade. Não que se hoje precisássemos da outra não teríamos as duas mãos estendidas, isso é uma certeza. Mas o que penso é que não seria com a mesma ternura. Não que esteja colocando em cheque o amor, pois ele sempre vai existir. Mas o amor é construção, é dividir, é compartilhar, amor é estar. E o estar, por onde está? Não está faz tempo e o pior é que a gente sabe e não faz nada, não quer fazer nada. É triste ver a que ponto chegamos. É sentir que a falta não é mais tão sentida. Eu não sei o que há aí. Você não sabe o que acontece aqui. Então, pra quê? Vamos ficar quietas, seguir nossos caminhos, evitar o confronto que ninguém está afim de encarar. Vamos apenas vestir nossas armaduras e montar guarda. É a Segunda Guerra Fria dando as caras. E como é fria. Os ossos doem, os pés não se movem... falar? Nem pensar. O frio congela os corações que um dia já foram quentes. O que me faz pensar por quanto tempo esse conflito ideológico irá durar. A Primeira Guerra Fria não teve data certa para o seu fim, não houve nem conflito direto, mas sim a queda do muro como um fator determinante. São sempre os muros, já repararam? Então por que deixá-los de pé separando o que deveria permanecer unido? Já está mais do que na hora de deixarmos de lado a corrida bélica espacial e lutar pelo que sempre acreditamos. Voltar a ser uma só nação, um só coração.