São nas noites frias e escuras que ela sente
mais falta. Uma falta que parece mais um vazio que ecoa no peito gritando por das palavras nunca sussurradas ao pé do ouvido, do olhar cúmplice
daquele rosto terno, ainda indefinido. Numa tentativa de acalmar seu coração,
ela põe uma música baixinho, abre a janela do seu quarto e busca alguma estrela, a lua, ou qualquer coisa que lhe dê algum conforto, que lhe faça sentir
menos sozinha. Mas nada, nem uma estrelinha. Era como se o céu aquela noite fosse
o reflexo de seu interior. Então, na sua imensa solidão, uma lágrima cai, seus
olhos se fecham rapidamente com força na tentativa de não sucumbir ao choro.
Quando tudo parecia pesado demais para segurar, uma brisa toca delicadamente
seu rosto e seu corpo arrepia. A brisa logo se transforma numa ventania
sinfônica. Ela abre os olhos e fica surpresa ao ver as folhas se
levantarem do chão, bailando como numa doce valsa. Ela sorrir, seus cabelos
soltos e negros se movem deixando seu rosto mais exposto. Um pingo de chuva cai
em sua mão, ela olha para o céu, outro pingo cai e mais outro e muitos outros.
E quando ela deu por si, já estava no quintal, molhada, descalça, com as folhas
voando ao seu redor. E naquele instante ela se sentiu uma Alice em seu momento maravilha. Ao sorrir, ela chorou compulsivamente. Mas dessa vez de alegria, pois o vazio tinha
sido ocupado por um sentimento bom, a esperança.
Seu texto me assustou, me confortou, me abraçou... Um absurdo que esses dias senti exatamente a mesma coisa e de repente, começou a chover também e senti como se ainda tivesse o que acontecer, uma delícia.
ResponderExcluirBeijos!