Com sabor de fruta mordida

Há inúmeras identificações. Há a facilidade de se comunicar e entender. De alguma forma aquela menina se mostrava tão perdida quanto eu, e isso me acalentava. Já não me sentia mais tão sozinha, e isso já significava muito. Compartilhávamos a mesma vontade de ir embora e, eu me perguntava, por que não fazíamos isso juntas? Afinal, há tanto espaço no coração. São tantas coisas bonitas que eu gostaria de compartilhar. Mas eu não sei, não sei se ela enxergava com os mesmos olhos que eu. Eu queria apenas a possibilidade, queria mesmo não querendo. Não querendo talvez por medo, não querendo outra vez me enganar. Não, de novo não, por favor. A verdade é que dói demais construir sonhos e vê-los se quebrar como frágeis cristais. Mas quando penso em você, menina, volto a ser a guriazinha de 13 anos, e acredito em tudo, desde fadas infantis à sensibilidade tão perdida das pessoas. Quando te sinto perto, vem o gosto de fruta mordida na boca e tudo que eu achava que não existia mais ressurge como um sonho bom, daqueles que você vira o travesseiro pra tentar fazer durar mais um pouquinho.